segunda-feira, 26 de julho de 2010
A Mitologia Grega - Hércules [PARTE 2/3]
Uma celebrada façanha de Hércules foi sua vitória sobre Anteu, filho da Terra, poderoso gigante e lutador, cuja força era invencível, enquanto estivesse em contato com a Terra, sua mãe. Anteu obrigava todos os estrangeiros que apareciam em seu país a lutar com ele, com a condição de que, se fossem vencidos (como sempre eram), seriam mortos. Hércules enfrentou-o e, verificando que não adiantava lançá-lo ao solo, pois ele sempre se levantava com redobrado vigor, depois de cada queda, ergueu-o no ar e estrangulou-o.
Caco era um enorme gigante, que habitava uma caverna do Monte Aventino e devastava a região vizinha. Quando Hércules levava de volta os bois de Gerião, Caco furtou uma parte do gado, enquanto o herói dormia. A fim de que as pegadas dos animais não pudessem revelar para onde eles haviam sido levados, Caco os arrastou pela cauda para sua caverna, de sorte que as pegadas davam a impressão de que os bois haviam seguido na direção oposta. Hércules teria sido iludido por esse estratagema, se não tivesse passado, com o resto do rebanho, diante da caverna onde os animais furtados estavam escondidos. Os bois puseram-se a mugir e foram descobertos. Caco foi morto por Hércules. A última façanha de Hércules que mencionaremos1 foi a de ter trazido Cérbero do mundo dos mortos para a terra. Hércules desceu ao Hades, acompanhado de Mercúrio e Minerva, e obteve licença de Plutão para levar Cérbero ao mundo superior, contando que conseguisse fazê-lo sem se valer de armas. A despeito da resistência do monstro, Hércules agarrou-o, subjugou-o e levou-o até Euristeus, conduzindo-o de volta em seguida. No Hades, obteve a libertação de Teseu, seu admirador e imitador, que fora aprisionado durante uma tentativa malsucedida de raptar Prosérpina. Num ímpeto de loucura, Hércules matou seu amigo Ífitus e foi condenado, por esse delito, a tornar-se escravo da Rainha Onfale, durante três anos. Durante esse tempo, a natureza do herói modificou-se. Ele tornou-se efeminado, usando às vezes, vestes femininas e tecendo lã com as servas de Onfale, enquanto a rainha usava sua pele de leão. Terminada a pena, Hércules desposou Dejanira, com a qual viveu em paz durante três anos. Numa certa ocasião em que viajava em companhia da esposa, os dois chegaram a um rio, através do qual o centauro Néssus transportava os viajantes, mediante pagamento. Hércules vadeou o rio, mas encarregou Néssus de transportar Dejanira. O centauro tentou fugir com ela, mas Hércules, ouvindo seus gritos, lançou uma seta no coração de Néssus. Moribundo, o centauro disse a Dejanira para recolher uma porção de seu sangue e guardá-la, pois serviria de feitiço para conservar o amor do marido. Dejanira assim o fez e não passou muito tempo antes de ter idéia de se utilizar e antes que se passasse muito tempo chegou uma ocasião de se utilizar do recurso. Em uma de suas expedições vitoriosas, Hércules aprisionara uma linda donzela, chamada Iole, por quem parecia estar muito mais interessado do que Dejanira achava razoável. Quando ia oferecer sacrifícios aos deuses, em honra de sua vitória, Hércules mandou pedir à esposa uma túnica branca, para usar na cerimônia. Dejanira, achando a ocasião oportuna para experimentar o feitiço, embebeu a túnica no sangue de Néssus. Naturalmente, teve o cuidado de eliminar os sinais de sangue, mas o poder mágico permaneceu e, logo que a túnica se aqueceu ao contato de Hércules, o veneno penetrou em seu corpo, provocando-lhe terríveis dores. Frenético, Hércules agarrou Licas, que levara a túnica fatal, e atirou-o ao mar. Ao mesmo tempo, procurava arrancar do corpo a túnica envenenada, mas esta saía com pedaços de sua carne, em que se colara. Nesse estado, ele foi levado para casa num barco. Ao ver o que fizera involuntariamente, Dejanira enforcou-se. Preparando-se para morrer, Hércules subiu ao Monte Eta, onde construiu uma pira funerária de árvores, deu o arco e as setas a Filoctetes e deitou-se na pira, apoiando a cabeça na clava e cobrindo-se com a pele do leão. Com a fisionomia tão serena, como se estivesse à mesa de um festim, mandou que Filoctetes aplicasse a tocha à pira. As chamas espalharam-se e, em pouco, envolveram tudo. Milton assim alude ao desespero de Hércules:
Foi assim, quando Alcides vitorioso,
Da venenosa túnica, no corpo,
Os efeitos sentindo, desvairado,
Os pinheiros tessálios arrancou
Pelas raízes e, do cume do Etna,
Licas tirou para lançá-lo ao mar.
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