segunda-feira, 26 de julho de 2010

A Mitologia Grega - Monstros: Pégaso e Quimera.




Quando Perseu cortou a cabeça de Medusa, o sangue, caindo sobre a terra, transformou-se no cavalo alado Pégaso. Minerva pegou-o e amansou-o, dando-o de presente às musas. A fonte de Hipocreue, situada na montanha onde viviam as musas, Hélicon, foi aberta por um coice daquele cavalo. A Quimera era um monstro horripilante, que expelia fogo pela boca e pelas narinas. A parte anterior de seu corpo era uma combinação de leão e cabra e a parte posterior, a de um dragão. Causava grandes estragos na Lícia, de sorte que o rei do país, lobates, procurava um herói para destruí-la. Naquela ocasião, chegou à sua corte um jovem e bravo guerreiro, chamado Belerofonte, que trazia carta de Proteu, genro de lobates, recomendando-o em termos calorosos como um herói invencível, mas acrescentando, no fim, um pedido ao sogro para mandar matá-lo. O motivo disso é que Proteu tinha ciúme de Belerofonte, por desconfiar de que sua esposa, Antéia, nutria demasiada admiração pelo jovem guerreiro. Ao ler as cartas, Iobates ficou hesitante, não querendo violar as regras da hospitalidade, mas desejoso de satisfazer a vontade do genro. Teve, então, a idéia de mandar Belerofonte lutar contra a Quimera. Belerofonte aceitou a proposta, mas antes de entrar em combate, consultou o vidente Polido, que o aconselhou a recorrer, se possível, para a luta, ao cavalo Pégaso. Para esse fim, o jovem deveria passar a noite no templo de Minerva. Assim fez Belerofonte e, enquanto dormia, Minerva procurou-o e entregou-lhe uma rédea de ouro, que se encontrava na mão do jovem quando ele despertou. Minerva mostrou-lhe, também, Pégaso bebendo água no poço de Pirene, e, mal avistou a rédea dourada, o cavalo aproximou-se docilmente e se deixou cavalgar. Nele montado, Belerofonte elevou-se nos ares, não tardou a encontrar a Quimera e obteve uma fácil vitória sobre o monstro. Depois de vencer a Quimera, Belerofonte foi exposto a novos perigos e trabalhos por seu pouco amável hospedeiro, mas, com a ajuda de Pégaso, triunfou em todas as provas, até que Iobates, vendo que o herói era particularmente favorecido pelos deuses, deu-lhe sua filha em casamento e tornou-o seu sucessor no trono. Afinal Belerofonte, por seu orgulho e presunção, incorreu na ira dos deuses; chegou, segundo se conta, a tentar voar até o céu em seu corcel alado, mas Júpiter mandou um moscardo atormentar Pégaso. O cavalo atirou ao chão o cavaleiro, que, em conseqüência, se tornou coxo e cego. Depois disso, Belerofonte vagou sozinho pelos campos aleanos, evitando o contato dos homens, e morreu miseravelmente. Milton faz alusão a Belerofonte no começo do sétimo livro do Paraíso Perdido:


Desce, Urânia, ao céu (se, realmente,
Deves por este nome ser chamada),
Tu, de cuja voz divina ao apelo,
Subi além do Olimpo, além dos cimos
Que Pégaso alcançara com seu vôo,
E, assim, por ti levado ao céu supremo,
Respirar atrevi o ar do Empíreo
(Teu elemento), eu, mortal humilde,
Faze-me voltar, agora, tão seguro
Como quando parti, ao chão da terra.
Não permitas, Urânia, que, caindo
Do fogoso corcel que ora cavalgo
(Como Belerofonte, de uma altura
Muito menos caído), abandonado
Venha me ver nos campos aleanos,
Sem saber dirigir os próprios passos.


Como cavalo das musas, Pégaso esteve sempre a serviço dos poetas. Schiller conta-nos, a propósito, uma história pitoresca, segundo a qual um poeta necessitado vendera o cavalo, que foi destinado a puxar a carroça e o arado. Pégaso não se adaptou a tal serviço e seu rústico dono não viu serventia para o animal. Um jovem, contudo, pediu-lhe que o deixasse experimentar. E, mal o cavalgou, o animal, que a princípio se mostrava indomável e depois apático, ergueu-se majestosamente, como um espírito ou um deus, desdobrou o esplendor de suas asas e voou para o céu. Também Longfellow recorda uma aventura do famoso corcel em seu poema "Pégaso no Lago". Shakespeare faz alusão a Pégaso no "Henrique IV", onde Veron descreve o Príncipe Henrique:


De elmo e armadura lhe cobrindo o corpo,
O jovem Henrique vi do chão erguer-se,
Tão destro quanto o alígero Mercúrio,
E o corcel cavalgar, airosamente,
Como se fosse um anjo que das nuvens
Caísse e um cavaleiro se fizesse,
Para um fogoso Pégaso domar.

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